Limp Bizkit é a banda que marcou a adolescência de muitos da minha geração com hits como My Way, Behind Blue Eyes, Rollin' e Take a Look Around, que não saiam das paradas de sucesso da MTV (na época em que esta ainda tocava rock) e VH1. Bons tempos...
Mas como seria ver um show dos caras, dezesseis anos depois que eles surgiram? Fomos convidados pela produção a conferir ao vivo e de pertinho essa experiência.
Eram quase 21h quando cheguei e a fila para o show, que só começou por volta de meia noite, já se formava na porta da Fundição Progresso. O clima do lado de fora era de ansiedade disfarçado pela descontração que vinha de brinde com as bebida da Lapa.
A casa reservou uma área "mais tranquila" para os jornalistas escreverem. Mas, já que estava lá, queria sentir a vibração do meio do povo. E foi a minha melhor decisão.
O vocalista, Fred Durst, mostrou ter uma voz muito parecida com o que a gente escuta nos cds, bem crua e afinada. Wes Borland, o guitarrista, se apresentada de um jeito todo peculiar no palco, não apenas pela pele tingida de prata, mas por tocar compenetrado, como se estivesse em transe. Coisa bonita de se ver. O baterista, John Otto, e o DJ Lethal ficaram lá atrás, quase não os vi, mas ô se ouvi... A harmonia do grupo tão peculiar era nítida - e intrigante.
Na metade da primeira canção, Fred foi no meio da galera, trazendo um aglomerado de gente para próximo de si, pegou a câmera de uma fã e se fotografou.
Após a euforia do encontro, um clima de satisfação instaurou-se na platéia. Via a todos cansados, depois de pularem e cantarem feito loucos... porém satisfeitos. Era o reflexo de uma platéia que voltou dez anos no tempo, por alguns minutos, sem se dar conta de que agora estão dez anos mais velhos.
Durst perguntava: "Como estão se sentindo?"
E o público urrava em resposta. Não vinha nem 'sim', nem 'não', apenas um: "Awwwrrll!"
Tanto foi engraçado quanto estranho que Fred até perguntou: "Vocês conseguem me entender?"
Dessa vez, um sonoro: "YEAHHHH!!!" prevaleceu.
A reação do vocalista foi imediata: "You are fucking crazy..."
Em seguida veio My Generation. A platéia se acabou de cantar e dançar mais uma vez. Fred atiçou, perguntando se o público estava dormindo e anunciou Gold Cobra, música que dá nome a turnê da banda.
Ao fim da canção, veio a primeira de muitas declarações de amor ao Rio e ao público carioca:
"I do, I do, I do... I fuck loving you Rio!".
O vocalista disse ainda que poderia se mudar para cá, pois assim estaria mais vezes junto dos fãs. A platéia comemorou a possibilidade. Durst encerrou o discurso com: "Respect for my brazilian fans, man!" para logo iniciar outra música, My Way.
Uma das coisas mais espontâneas que vi neste momento, foram dois seguranças da casa, bem de frente do palco, que se entreolharam, riram e não resistiram, começaram a balançar a cabeça ao reconhecer a música. Um máximo.
No repertório do show do Rio, havia muito mais sucessos que músicas do cd novo, que foram apenas 3, uma escolha estratégica para ver a galera cantando junto, gritando, enlouquecendo... E
que deu certo.
Fred não decepcionou quem esperava dele muitos (muitos) palavrões: "Fuck you! Fuck you!!! *com dedo em riste* Fuck you!!"
A platéia um pouco confusa, não aplaudiu e nem vaiou, apenas devolveu: "Fuck you!!!"
E ele: Fuck me??? Fuck me??? Fuck you!!
Era como a brincadeira de velhos conhecidos.
Enquanto a galera pedia Rollin' aos berros, o baixista jogava água em cima do povo como se tentasse baixar o "fogo" deles. Talvez não por acaso, a música que seguiu foi Boiler, uma caldeira seria uma bela forma de definir a reação da platéia que vibrou ainda mais junto à banda.
Durst se preocupou em dar uma importante lição ao seu público: "é preciso falar 'fuck you' once in while". Ok, Fred, a gente já tinha notado. Rs! Depois de tantos 'fuck', veio o intervalo da apresentação, ao som da trilha de Ghost Busters.
A platéia pediu que o grupo retornasse ao palco num coro desajeitado: "Lim-bis-que, lim-bis-que".
Durante a execução, algo que nunca imaginei presenciar. Durst pegou latas de cerveja de um isopor e foi arremessando para a galera, primeiro com delicadeza, para logo depois serem jogadas feito bombas no fundo do salão. Jogou até à última lata e não satisfeito levou o carrinho de gelo até o público e virou na cabeça do povo, para depois dar também o carrinho. Hahaha
Vocês acham que ele parou por aí? Então foi a vez das garrafinhas d'águas. Primeiro com gentileza e depois feito mísseis no teto dos camarotes, explodindo nas arquibancadas e voando para todos os lados. Fred conseguiu acertar até mesmo o bizarro enfeite do teto. Ele admitiu: "eu odiei aquela coisa. O que é aquilo? Um para-quedas? Uma camisinha gigante?"
O lado debochado do vocalista estava apenas começando a surgir. Fred tocou Take a Look Around e, com um pé sobre a caixa de som, olhou fascinado para o público para logo em seguida perguntar onde seria a festinha depois dali.
Alguém fez um gesto com a mão e, irônico, Durst retrucou: "isso é um coração ou uma vagina? É uma vagina! Como as mulheres deveriam fazer? Assim? *simulou um pênis com as mãos*". Eu ri.
Para encerrar em grande estilo, Fred pediu para ver as moças nos ombros dos rapazes. Aproveitei a chance e subi também. Fred apontou pra mim e fez aquela expressão de "cante", e mesmo eu não sabendo a danada da letra, vi que fiz a escolha certa ao não ter ido para o cantinho sossegado dos jornalistas. Sou jornalista, mas só estando no meio do povo, se vive um show assim, plenamente como todo show merece ser vivido.
Fuck (yeah), Limp Bizkit!
Por: Thaisy Chantal
Fotos: Joice Tavares
Amei seu blog vc descreveu MARAVILHOSAMENTE o show.. Foi o melhor que ja fui na minha vida.. Voce esta de Parabens o/
Bjs Myr Bulcao